Em tempos de pau de self é mais importante parecer ser do que realmente ser. Antes que pensem que essa é uma citação… essa frase é minha mesmo. Hoje todos não tiramos fotos, fazemos uma selfie! As selfies são cheias de línguas de fora, sorrisos, caretas e felicidade plena. Entretanto, isso não passa de um grande teatro, onde precisamos parecer felizes e descolados… Ser super legais! A infelicidade e depressão imperam. Parece um contra-senso.
Sei que existe uma mega polêmica em torno das selfies. Eu pessoalmente não gosto. Para mim é uma faceta do egoísmo e hedonismo. Um culto ao eu. As pessoas perdem mais tempo tirando a foto de si do que aproveitando a experiência que estão vivendo. Outro dia, estava vendo a transmissão pela televisão de um show e o que mais se via, quando a camera mostrava a platéia, eram pessoas com seus smartphones apontados para o palco. Poucos cantavam juntos; pouco viviam seu momento de fã; poucos olhava com seus próprios olhos o show…a grande maioria via tudo pela pequena telas de seus celulares.
Tudo isso para postar no facebook e dizer que estão muito felizes. Tudo isso para num encontro com amigos tirar o celular do bolso e dizer com orgulho que foram no show do Fulano. Eu realmente sinto pena. Pois elas não estavam lá. Seus corpos poderiam estar lá; seus celulares poderiam estar lá; porém elas não estavam lá; não plenamente. Não puderam fechar os olhos e sentir melodia que era cantada. Não puderam simplesmente cantar juntos com seu artista… pois estavam muito ocupadas focando as cameras de seus smartphones.
Tenho conhecidos que vivem postando vídeos de si mesmo; fotos de si mesmo em diversas situações. Sempre repetindo o mesmo padrão: caretas, posições engraçadas, momentos descontraídos. No final, a real intenção é ostentar algo. As selfie de hoje é a prova cabal que estamos doentes. Doentes de egoísmo. Doentes de viver pelas aparências. Doentes de viver pela opinião do outro.
O ápice é o “pau de selfie”. Vendido até nos camelos das grandes cidades. Ele é o simbolo de uma moda ruim. Assim como as bolsas falsificadas da Vitor Hugo, eles nos mostram o quanto a nossa sociedade está doente.
É preciso sermos e sentirmos de verdade. Sem um filtro a nossa frente. Existem momentos que devem ficar em nossas mentes e corações; não na memória de uma camera. Sejamos mais discretos. Menos instagram e mais sentimento.
Acorde com seu marido, esposa, namorada, namorado, filhos, etc e apenas aproveite. Não precisa fazer um foto juntos para dizer que está feliz. Almoce e aproveite as nuances do tempero e da sensação trazida na língua. Não poste no instagram. Dance com sua esposa e sinta seu coração entrar em sintonia com o seu coração, esqueça o telefone. Não precisa provar para ninguém que está feliz. Esteja feliz. Viaje e esqueça a camera em alguns passeios. Curta os cheiros, as cores, as luzes, os sons do locais e deixe a sua memória registrar tudo isso e não o seu telefone.
Uma vez presenciei uma cena que confesso fiquei abismado: estava numa festa e um casal ficava no fundo do salão tirando selfies ao invés de aproveitar a festa. Eles tiraram várias fotos, fizeram várias caretas e línguas para fora, e no final, passaram a festa inteira isolados e com certeza, não compartilharam da alegria que ali estava presente.